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Michael Chekhov no Brasil

Os possíveis caminhos que levam alguém a querer ser ator são infinitos, mas desde o início todos nós criamos algum tipo de diálogo que podemos chamar de uma pergunta: "como posso trabalhar, criar hoje?". Ou seja, iniciamos uma busca de formas de trabalhar. No Brasil, as recentes gerações de atores vindo para os palcos, ao longo das últimas décadas, ao procurar técnicas para responder esta pergunta, tiveram em geral duas linhas de ensino à sua disposição: uma que frequentemente chamamos de "Stanislavsky", mas que muitas vezes navega mais próxima às práticas desenvolvidas nos EUA à partir dos anos 50 por Lee Strasberg, Stella Adler e Uta Hagen etc.; e trabalhos de teatro físico, inspirados nos ensinos de Grotowski e seus vários seguidores. Na verdade, ambas linhas tomam a liderança do Constantin Stanislavsky (1863 - 1938), só que o primeiro segue suas pesquisas dos anos 1910 com o uso da memória/ego do ator, e o último seus trabalhos dos anos 30 com ações físicas.

Michael Chekhov também começou sua vida de ator trabalhando com Stanislavsky, mas a técnica que desenvolveu oferece um caminho radicalmente diferente das linhas mencionadas acima. Embora conhecido por muitos atores brasileiros através do seu livro Para o ator (só traduzido em 1986), sua técnica não foi explorada com repercussão expressiva no Brasil ao longo do meio século após sua morte (em 1955). Quem ler as primeiras páginas do livro descobrirá que, segundo Chekhov, falando da sua experiência observando sua própria busca ao longo de décadas, os principais requisitos para a inspiração do ator são: uma extrema sensibilidade do corpo para os impulsos criativos psicológicos; a riqueza da própria psicologia; e a completa obediência do corpo e da psicologia do ator.

Para atores cujas psicologias já se cansaram resgatando eventos do passado e experiências pessoais para injetar algo no seu momento de palco, e cujos corpos doem com a intensidade e repetição de movimentos exaustivos para atingir algum estado desejado, a técnica Michael Chekhov chega como uma refrescante brisa lúdica, sem perder por um instante a eficiência de uma resposta rápida e a clareza do artista em plena criação. Michael Chekhov oferece uma visão completa da vida artística, e ao entrar em contato com sua arte através desta visão, muito atores ficam com a sensação de que encontraram um lar, um chão, para sua individualidade criativa.

Até 2010 atores brasileiros interessados em estudar Michael Chekhov com mestres tiveram que passar uma temporada nos EUA, Europa ou Rússia. Através das oficinas e outras iniciativas da Michael Chekhov Brasil, centenas de atores - não só do Brasil, mas do Chile, Argentina, Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal - já tiveram contato com a técnica Michael Chekhov, e cresce a cada dia o número de atores e diretores - muitos sentindo um "murmurinho de desapontamento" com seu mundo artístico - vindo para conhecer a "família" que somos, e para, quem sabe, (re)descobrir o intangível no seu próprio trabalho.

Atualmente, a Michael Chekhov Brasil organiza as únicas atividades permanentes e exclusivamente voltadas à exploração, difusão e ensino da técnica na América Latina.